O MONGE e o ESCORPIÃO

Um monge e seus discípulos iam por uma estrada e, quando passavam por uma ponte, viram um escorpião sendo arrastado pelas águas. O monge correu pela margem do rio, meteu-se na água e tomou o bichinho na mão. Quando o trazia para fora do rio o escorpião o picou. Devido à dor, o monje deixou-o cair novamente no rio. Foi então à margem, pegou um ramo de árvore, voltou outra vez a correr pela margem, entrou no rio, resgatou o escorpião e o salvou. Em seguida, juntou-se aos seus discípulos na estrada. Eles haviam assistido à cena e o receberam perplexos e penalizados.

— Mestre, o Senhor deve estar muito doente! Por que foi salvar esse bicho ruim e venenoso? Que se afogasse! Seria um a menos! Veja como ele respondeu à sua ajuda: picou a mão que o salvava! Não merecia sua compaixão!

O monge ouviu tranqüilamente os comentários e respondeu:

— Ele agiu conforme sua natureza e eu de acordo com a minha.

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"Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus" (Mateus, 5:44)


Pequena mensagem para reflexão de hoje.

FELIZ ANIVERSÁRIO CECVOA !!! UM ANO DE VIDA !


Hoje, dia 29 de Julho de 2008, estamos completando UM ANO da inauguração da CECVOA.

Um ano de trabalhos espirituais, com dedicação, caridade, responsabilidade, segurança, determinação e grande luz espiritual.

Abraçamos e agradecemos a cada um que participou e aqueles que ainda estão participando de nossas reuniões.

Temos consciência de que não podemos agradar a todos, mas esperamos que aqueles que estão prosseguindo com nossa peregrinação estejam certos que jamais violaremos as bases de nossa espiritualidade (caridade com honestidade).


Neste ano mudamos de endereço 3 vezes: iniciamos na União de Umbanda, passamos pela Tenda Espírita São Jorge e, atualmente, estamos utilizando as instalações da CCU.

Também na área espiritual, passamos por etapas e, com base nas mesmas, estamos concluindo ciclos espirituais e iniciando novos ciclos como os "trabalhos com os ciganos, o povo do oriente, os frades e padres com enfermos”.

Estamos recebendo o ingresso de novos irmãos, com visões espirituais de outro âmbito, como os Carismáticos da Igreja Católica, os Cardecistas, os do Candomblé e os da linha de Irradiação. Todos com o mesmo desejo: praticar a caridade. Uma caridade séria, com objetivo prévio de se doar, com amor, muito amor ao próximo e a si mesmo.

Temos o dever de comemorar - sim comemorar! - pois conseguimos levantar uma bandeira como esta da CECVOA, com dificuldades diversas, com o mundo tão arredio ao início de uma nova cultura espiritual, sem patrocínio, sem um lugar definido, sem um histórico espiritual.

Comemorar sim, pois com tantas dificuldades, conseguimos chegar a UM ANO de trabalhos com a benção de nosso Pai Oxalá, sejam trabalhos para cura de uma enfermidade, para conseguir trabalho, para conseguir receber um dinheiro (retido por qualquer motivo), para conseguir uma companheira (o), para conseguir uma casa para morar, para fazer uma viagem, para progredir dentro do seu trabalho.

Qualquer que seja o assunto, se for a necessidade de uma pessoa, a CECVOA está de portas abertas para ajudar, dar passes ou apenas ouvir. Pois somente ouvir também é caridade, especialmente para aqueles que não têm ninguém para conversar.

Beijo no coração de todos.

Roberto Camões

Sobre a verdade

Uma vez um jovem médium iniciante, num desses tantos terreiros de luz, perguntou a um pai velho o que era, afinal de contas, a verdade.
O velho, fumando seu cachimbo, não respondeu. Olhou para o jovem e pediu que ele se sentasse ao seu lado por alguns momentos.
Sem entender o que estava acontecendo o jovem ressabiado pegou um banquinho e sentou-se ao lado do guia muito mais em sinal de respeito do que por vontade própria.
Era um dia frio e de chuva forte, as pessoas amontoaram-se num cantinho do terreiro, deixando outros lugares vazios do outro lado.

Então o velho apontou para as pessoas e indagou ao jovem:

- O que você está vendo ali meu filho?

Eis que o mancebo respondeu:

- Estou vendo um monte de pessoas se amontoando para fugir da chuva forte e não se molhar.

O velho ouviu, virou-se para o outro lado e chamou um guia que passava perto e fez a mesma pergunta:

- Caro amigo, o que você vê ali naquele canto?

Eis que o guia respondeu:

- Eu vejo pessoas com frio querendo se aquecer.

Virou-se para o jovem e indagou se tinha ouvido a resposta tendo o mesmo acenado com a cabeça positivamente. O velho então chamou um cambono que estava perto e perguntou o que estava acontecendo ali. Eis que o cambono respondeu:

- Ah, as pessoas estão ali porque os assentos naquele canto são mais confortáveis.

O velho agradeceu e voltou-se para o jovem:

- Percebeu meu filho. Isso é a verdade.

O jovem franziu sua testa e fez de sua expressão facial uma manifestação clara de confusão e dúvida, e o velho continuou:

- A verdade como vocês a entendem é uma manifestação do pensamento humano, da vontade, da percepção, dos sentimentos, dos conceitos e preconceitos de cada um, tal como o amor, o ódio, o medo e até a fé. O fato é que as pessoas estão amontoadas naquele canto. Os motivos pelos quais elas estão ali vão da cabeça de cada um. Até para aquelas pessoas que estão naquele cantinho os motivos não são os mesmos e estarão elas erradas ou mentindo? Se uma pessoa sente frio, a outra não quer se molhar e a outra só que se sentar num lugar mais confortável, quem é que tem razão, quem é a dona da verdade ?

E o jovem respondeu:

- Todas elas.

E o velho rindo continuou:

- Isso é um ensinamento para a vida real (encarnada) e para vida espiritual. Não existem verdades absolutas neste plano e a nossa função como guias não é impor ou ditar uma verdade incontestável, mas tão-somente mostrar aquela verdade que a pessoa necessita naquele momento e respeitar todas as outras que dali podem surgir. Nem sempre é o que se quer ver ou ouvir, nem sempre é o que se deveria ver ou ouvir, mas com certeza é aquela que a pessoa mais precisava naquele momento. E no final meu filho, o importante não é aceitar ou recusar a verdade dos outros, mas procurar entendê-la e respeitá-la.

O jovem emocionado com a profundidade do ensinamento que ali recebera agradeceu ao pai velho e voltou-se para seus trabalhos com afinco.

Mensagem Anônima

Ao acordar hoje de manhã me deparei com o comentário que reproduzo aqui na íntegra:

"Uma pena como a religião é disseminada... Acho que deveríamos respeitar uma religião que tem uma cultura tão bonita... sinceramente... quando não conhecemos um assunto, ou quando não temos capacidade de assumir tais compromissos e cargos religiosos, é melhor sermos humildes e assumir as nossas verdades... nunca fui contra o cantinho, mas contra a forma que a coisa é conduzida... Animismo é diferente de incorporação, culto religioso é diferente de encenação... acho que uma cultura que diz respeitar a opinião e o próximo, não deveria ter seu blog com comentários monitorados... Medo da verdade? realmente talvez seja conveniente para alguém se alimentar da fé de leigos...

Postado por Anônimo no blog C.E.C.V.O.A. em 13 de Março de 2008 18:37
"

De início gostaria de dizer que o comentário não causou nenhuma surpresa, ao contrário, vai me auxiliar a dar algumas explicações necessárias.

A moderação não existia desde o início do blog que é muito recente. O problema é que tal como existem pessoas sérias, honestas e sinceras, também existem aquelas pessoas mentirosas, covardes e sórdidas que se aproveitam do anonimato para propagar ofensas ou dizer inverdades que visam simplesmente depreciar, denegrir ou atingir as pessoas. Portanto, para que seja mantido o equilíbrio entre o respeito ao próximo e a opinião pessoal de cada um, faz-se necessário continuar ocorrendo a moderação.

Sobre o conteúdo da sua mensagem concordo apenas com um argumento: que uma cultura tem que respeitar a opinião e o próximo, e assim tem sido feito.

Você tem todo o direito de achar que o "Cantinho" é conduzido de forma errada, ou que ocorre animismo ou encenação, mas tenho que te lembrar que essa é somente uma opinião, pessoal e anônima, e como tal deve ser respeitada.

Opinar ou achar é sempre válido, mas na maioria das vezes desprovido de conhecimento ou aprofundamento dos fatos. Se você se preocupou em ler o blog inteiro ou a história da "Primeira Gira" do Cantinho, deve ter percebido que na inauguração uma pessoa (infelizmente ou felizmente) foi convidada a se retirar porque estava fingindo ter uma incorporação, e tal fato já tinha sido esclarecido pelo Vovô Oscar aos presentes no início dos trabalhos algumas horas antes de acontecer.

A falta de incorporação ou incorporação fingida (ou animismo, já que você gosta assim) não é nem de longe o pior dos problemas de um terreiro e nem o único.

Creio que médiuns incorporantes, consulentes, com entidades firmes, mas com pensamentos e sentimentos voltados para fazer o bem somente a si mesmos e o mal para os outros, são exemplos de problemas piores. Estou cansado de ver sessões pesadas e cansativas para desfazer trabalhos feitos por médiuns que se auto-intitulam umbandistas, vestem branco, e dizem que fazem a caridade e o bem, mas que não perdem uma oportunidade, no terreiro ou fora dele, de fazer intrigas, difamar e causar males de todos os tipos aos seus irmãos.

No fundo essas pessoas desvirtuadas utilizam a religião ou a espiritualidade como formas de extravasar alguma frustração ou decepção pessoal, profissional ou amorosa ou de superar algum trauma de infância. Esses médiuns precisam de tanta ajuda (ou mais) do que os assistentes, porém, precisam reconhecer por si mesmos os erros que estão cometendo para poderem ser ajudados.

Nessas horas eu tento me orientar pelos exemplos do "Mestre Oxalá", que mesmo pregado e martirizado na cruz, numa demonstração divina de caridade, mostrou a luz a um ladrão assassino que naquela hora pedia perdão.

Isso sim é exemplo para a nossa linda umbanda.

E apesar do "Cantinho" ser uma casa recente já estamos conseguindo frutos do nosso trabalho, sendo agraciados com declarações de respeito de outras casas espirituais, conhecidas e contemporâneas não só na umbanda como também em outras religiões.

De qualquer forma, sr.(a) Anônimo(a), você está convidado(a) a participar das giras do "Cantinho" e a expressar sua opinião sem medo, pois tanto os médiuns como as entidades estão sempre aprendendo uns com os outros. E não precisa se preocupar em discordar porque você pode ter certeza que nada será feito que não a caridade (com honestidade) e o bem (ainda que para desfazer o mal).

Que Oxalá abençoe você e ilumine seus caminhos.

Abraços,

Guilherme


P.S.: Na próxima postagem seguem algumas palavras sobre a "verdade".

NOVO ENDEREÇO da CECVOA

A CECVOA vem comunicar a todos os amigos e médiuns que a partir do mês de março de 2008 as suas giras ocorrerão em um novo endereço, no mesmo horário, a partir das 18:30h, todas as quintas-feiras, na rua Allan Kardec, nº 25 - Engenho Novo - RJ, sede da Casa de Caridade de Umbanda - CCU.
Agradecemos desde já ao seu dirigente espiritual, Toco-de-pau, e seu medium, Roberto Mirim, que abriram as portas de sua casa para os trabalhos do "Cantinho" sem nada nos pedir em troca, a não ser continuar fazendo a caridade com honestidade. E esse é o nosso compromisso.

E aos sábados, a partir das 16h, ocorrem as giras da própria CCU.

Que Oxalá nos abençoe e nos proteja nessa nova etapa.

Abraços,

Roberto Camões

Gira Cigana e do Oriente



Orientações importantes:
1º Não haverá consultas.
2º Não serão servidas bebidas alcoólicas aos assistentes.
3º Somente médiuns convidados poderão participar da gira e permanecer no terreiro.

O quartinho e o cantinho

Tudo começou num domingo às 10 horas da manhã. Fui para o terraço onde existem dois quartos e fiquei no quarto da bagunça. Sentei-me na cadeira do velho, peguei o meu cachimbo e comecei a fumar.

Logo percebi uma energia diferente, seguida de um arrepio que subiu pela minha espinha, então, a presença de uma pessoa se fez intensa. Senti sua chegada e vi quando ela sentou-se ao meu lado, num banco próximo, e com seu cachimbo aceso começou a falar comigo:

- Eu sou seu avô por parte de pai e trabalhei nesta terra fazendo a caridade espiritual durante 50 anos. Não tive filhos de santo, não tive terreiro, trabalhava sozinho com meus guias. O responsável pelos trabalhos espirituais era o Capitão Tranca-Rua das Sete Encruzilhadas, meu amigo e conselheiro.

E continuou o velho Oscar:

- Antes do meu desencarne deixei para cada um dos meus sete filhos um instrumento que eu utilizei nas minhas giras nesta terra. Este gesto foi para demonstrar e provar a continuidade da minha missão neste plano que ainda estava por vir.

Ouvia atentamente aquelas palavras e ele prosseguiu:

- Por muitos anos, após a minha passagem, estive no plano espiritual negociando o meu retorno nesta terra com um objetivo principal: montar um gongá para um ser que ainda iria encarnar. Só que não era tão simples. Até o retorno desta pessoa, e mesmo após seu reencarne, era preciso preparar o terreno e iniciar os trabalhos para que, no tempo certo, ela pudesse assumir a responsabilidade confiada pelo plano espiritual. Mas para isso, meu filho, eu precisava de alguém que pudesse transmitir o necessário, não importando o que viesse a acontecer no caminho, e que fizesse isso com compromisso, responsabilidade, amor e sem pensar em desistir. Por isso, Roberto, eu escolhi você: sangue do meu sangue; neto que pelas minhas mãos veio ao mundo. Você, meu neto, foi escolhido para que eu pudesse retornar a esta terra através da sua cabeça e do seu corpo e iniciasse os trabalhos nesse novo e diferente gongá. Um gongá que não será para você, mas para ser administrado por seu neto, este que nasceu primeiro.

Ao terminar estas palavras, o velho Oscar pediu-me para colocar a imagem de nossa senhora, já existente no quarto, no alto de uma estante e acendesse uma vela de sete dias. Depois disso falou para que eu deixasse a espiritualidade tomar conta dos acontecimentos, pois estaria naquele momento, abrindo os trabalhos do Cantinho de Vovô Oscar de Aruanda e, para tanto, era necessária a presença de alguns companheiros espirituais.

Fiquei perplexo. Suava muito, estava gelado e pela primeira vez, sem estar incorporado, eu estava participando de tudo: vendo, conversando, escutando e aprendendo.

O velho rezou uma Ave Maria e um Pai Nosso, e logo apontou para porta dizendo:

- Veja meu filho. No plano Espiritual o gongá já estava montado e foi batizado pelos 7 frades que aqui vêm para conhecer você. Eles são os responsáveis pela parte espiritual e pela caridade.

E, um por um, os 7 frades entraram no quarto. Cada um que entrava, num gesto cordial e humilde, se curvava perante o velho e a mim. Sorridentes, mas austeros falavam em italiano, eu não entendia nada, mas o velho respondia a eles.

Após os sete frades, adentrou o recinto uma mulher de luz intensa e exuberante, vestida com uma armadura prateada e uma espada enorme toda iluminada. Para minha surpresa, o velho a chamou de Joana D´arc. Ela simbolizava a justiça, a honestidade e a força.

De repente eu vi uma linda morena com cabelos longos e perguntei de imediato se seria Iemanjá, e foi confirmado pelo velho dizendo que a mesma estava ali para representar a força das águas e as lágrimas das mães.

Momentos depois surgiu um soldado com uma enorme armadura prateada, que logo o velho me disse ser Ogum, que se apresentava em duas formas: Ogum General, como representante dos exércitos de luz e vencedor de demandas e Ogum de Ronda, vindo na vibração de Xangô, da justiça, vitorioso com suas machadinhas.

E foram aparecendo meus guias: como é gorda a Vovó Berenice, preta, bem pretinha, de roupa branca e preta, que delicia ver esta velha; Tupynambá de cara amarrada, com um cocar com penas verde, branca vermelha e amarela, que força; Ricardinho, com seu pirulito enorme, fazendo mandinga como gente grande; que linda moça de vermelho com um cigano chamado de Wladimir Valtrock com um charme incomum.

O último foi o Capitão - de terno preto, camisa branca, cinta vermelha, cavanhaque, cartola preta com laço vermelho, uma bengala de madrepérola - que vinha rodando e cantando seu ponto.

Quando todos estavam dentro do quartinho, num silêncio total, o velho Oscar pediu a vibração de todos e disse:

- “CECVOA” será o nome desta casa, firmada aqui neste pequeno quartinho, cheio de pó, desarrumado, sujo, mas com toda a força e luz de nosso pai.

E logo em seguida, para completar meu espanto, foram surgindo velas e mais velas do nada, iluminando todo aquele quartinho. Pareciam estrelas no céu de tão brilhantes. E de repente o velho incorporou no meu corpo, e riscou o ponto da casa com muita firmeza e muita felicidade - e que felicidade - que pude sentir na minha alma.

Fiquei muito tempo em silêncio e ainda vi os votos de segurança informados pelos frades. E assim ocorreu até que todos foram saindo e sumindo pela porta do quartinho.

Se esqueci algum detalhe, me desculpem, mas estava muito emocionado ao ver e sentir aquelas energias que eu nunca tinha sentido outrora: um outro mundo repleto da vibração divina.

E ali, naquele dia, tive a certeza de que estava firmado um novo gongá.

Beijo no coração,
Roberto Camões

A primeira gira

A primeira gira da CECVOA ocorreu na União Espírita do Rio de Janeiro, no Méier, no dia 29 de julho de 2007, domingo, por volta das 16 horas.

Dando início aos trabalhos, o Vovô Oscar incorporou no médium Roberto Camões e começou a explicar aos presentes que a CECVOA não era uma casa, uma tenda ou um terreiro e sim uma cultura. Dentro dessa concepção, diferente de outros lugares, no "cantinho" seria permitido que os médiuns e seus guias trabalhassem com total liberdade, da forma que desejassem e utilizando-se das vestimentas e acessórios que quisessem, desde que - e não haveria exceção a esta regra - fossem seguidos os postulados básicos da caridade (fazer somente o bem), honestidade (somente a verdade) e do respeito (a todos).

Falou ainda que sete dos médiuns convidados para aquela gira representavam cada um dos sete frades que fundou a CECVOA no plano espiritual. Ressaltou que a caridade não seria realizada somente dentro do "cantinho", mas haveriam visitas a lugares com pessoas enfermas ou carentes, especialmente velhos e crianças, para que não somente a energia dos trabalhos fosse levada, mas também palavras de carinho e conforto para estes necessitados.

A partir destes postulados não seria permitido deboches ou destratos das entidades, dos médiuns ou assistentes uns com os outros. Também não seriam admitidos falsos médiuns ou incorporações inventadas e se tais fatos ocorressem a entidade, o médium ou a pessoa seria imediatamente repreendida e convidada a se retirar do recinto por ele, Vovô Oscar, ou por qualquer um do guias que estivesse comandando a gira.

Vovô Oscar riscou o ponto da CECVOA numa tábua de madeira e colocou-a ao pé de uma cruz de pétalas de rosas brancas feitas para saudar o "Cantinho", juntamente com um alguidar de barro repleto de tercinhos de Obaluaê que ao final da gira foram distribuídos aos presentes. Logo em seguida, Vovô Oscar, batendo com sua bengala de madeira no chão, chamou todos os velhos e velhas dos médiuns presentes para que, com a força das santas almas, fortalecessem a corrente que se iniciara.

Após este momento foi dada passagem para o Sr. Tranca-Rua das Sete Encruzilhadas, conhecido também como "Capitão", que deu passagem para todos os Exus. A gira transcorreu muito bem, com todas as entidades trabalhando pelas pessoas enfermas e necessitadas cujos nomes foram colocados pelos presentes no ponto riscado no centro do terreiro.

Por volta das 18 horas, um dos presentes questionou ao Capitão sobre o que estava sendo feito, dizendo que naquela casa não havia segurança e que tinham deixado a porteira desguarnecida. Eis que o Capitão prontamente começou a explicar ao senhor que era ele próprio quem estava tomando conta da porteira e que aquelas entidades que estavam trabalhando naquele momento eram o "Povo do Cemitério" e não "Eguns".

Então o senhor, extremamente exaltado, começou a retrucar coisas que não fizeram muito sentido para os presentes e, mesmo após intensa atuação do Capitão na tentativa de explicar-lhe o que estava sendo feito, não houve entendimento por parte daquele senhor. Até que, para a surpresa de todos, no calor da discussão, ao som de um ponto de Tiriri, o referido senhor resolveu simular a incorporação de uma entidade daquela linha e tal como havia sido determinado por Vovô Oscar, o Capitão imediatamente afirmou que aquilo era um fingimento e solicitou que o cidadão se recomposse e que se retirasse do recinto. E assim ocorreu.

E tranquilamente a gira prosseguiu até o fim, tendo sido concluídos todos os trabalhos ali iniciados, distribuindo-se, ao final, os tercinhos e as pétalas de rosas aos presentes.